sábado, 15 de dezembro de 2007

Algumas antigas...

Sonhei com ele hoje. Aqui, logo, três velhos poemas - dois deles de 2006.

O brilho dos olhos seus
A boneca de pano
Parecem hoje seus olhos meus
E a boneca chora

Abandonada foste à força
Sem tempo para pensar
A menina que vira moça
Pára de brincar

As voltas que o mundo dá
Os monstros que todos são
A passagem não hesita em aceitar
De qualquer um que lhe dê a mão

Um dia foi bela
Hoje moça da favela
Um dia brincou com a boneca
Hoje os outros brincam com ela



É bom revê-los, caros amigos. Ao som de Willie Nelson e Baden Powell - o primeiro presente, o outro a ser vislumbrado na época -, os relembro. Eis outro.



Hoje o horizonte parece mais longe
Mesmo assim, pareço não ter saído do lugar

Hoje o horizonte é pouco mais que um fio
E eu, cercado por mar,
Sinto-me muito vazio

Amanhã o horizonte será pouco menos
Que uma desfigurada e puntiforme
Luz no fim do túnel

Será que encolhi,
Será que a distância cresceu?
Só sei dizer que em mim
A vontade de viver morreu

Vi meu corpo nadando em mágoas
A favor da correnteza que leva ao fundo
O mundo é uma ilha que eu tento encontrar

O remo parou
O barco afundou
A onda chegou
O vento uivou
O frio congelou
E tudo parou




Este, contudo, acredito ser do início do ano de 2007:


Paloma, já sou quase niilista
E você assim assombrou
Com seu nome, as palavras
Quase sumo ao seu semblante vislumbrar

Não mais estás comigo
Assim tão só, quase dá dó
Não fôssemos um

Ainda assim, nasce em mim
A dor sem fim
Odor ruim que me traz o gosto
Aquele rosto e as verdades que não queria ouvir

Paloma, só existe mesmo
E não quis acreditar
Que amor fosse assim tão infiel

E a cama onde quase nos deitamos
Agora guarda o formato do teu corpo
E é o leito onde morro por algumas horas
Acordando cabisbaixo.

Morena, cadê você?
Não me encontro mais...