quinta-feira, 30 de abril de 2009

confissão com nomes censurados

Domingo – segunda: outra discussão (que nunca leva a nada) sobre vegetarianismo com E*. Sinto nojo e raiva quando ele fala que somos inteligentes e os animais não. Que ele gosta de carne e não pretende parar de comer. Expõe que sou infantil, teimoso, cabeça-dura. Eu sei de tudo isso. Sei que quero que as pessoas sejam o que eu quero e continuo querendo, o que me fará ficar só, ou sem alguns. E eu talvez volte atrás se eles forem embora, porque tudo (principalmente em mim) carrega a negação, o oposto do que eu fiz, a outra escolha que eu poderia ter tomado.
Suicídio? Mas deixar de existir me ajudaria como? Não teria mais como chamar atenção de ninguém – será que tudo se resume a isso? Saio da internet dizendo que quero me machucar. Não sei se paro de discutir e deixo ele ‘ganhar’ a discussão. Os argumentos existem, mas talvez eu não os tenha. E ele expõe minhas incoerências (eu não me importo com a p* dele por eu também ser? Só me importo com o que me toca, e o que toca meu ídolo, em quem me espelho?). Isso não é surpresa, eu vejo e sei tudo isso, mas tento adotar pra mim como se fosse verdade.
Parece que me conheço demais, não sei se é bom ou não, não sei não sei não sei e nunca sei o que fazer. Nada é solução. Nem morrer e deixar tudo, nem viver e continuar assim porque não vou mudar, sou bom demais assim como sou e quero que sejam, mas tenho um corpo horrível, uma psique em colapso, um curto-circuito total. L* perde a virgindade e eu falo que sexo não é pra mim. Parte é vergonha do meu corpo, parte é invejinha infantil, desdenhar o que o outro amiguinho tem. Eu sei, sempre sei. Por isso já pensei em sair da terapia, pois minhas terapeutas também sabem, e no início é sempre mais legal, interessante, de descoberta. Mas assim eu vou sempre fugir, mas prefiro ficar. Ou não? Pra onde ir? Eu não sei. Ao passo que sei de tudo, não sei de nada. Mas não quero ouvir que é assim que as coisas são. Não quero ouvir NADA. MS eu preciso. Preciso sair disso, mas não quero. Não pergunte. Mas então por que terapia? Remédios me ajudariam?
Sei, ou aprendi, que o amor platônico é uma distração pra sexualidade não se concretizar. Mas acabo de passar uma hora e meia sentado num banheiro ao silêncio e luzes apagadas pensando em conhecer o K*. Eu quase choro em imaginar a cena. Uma praça grande, eu na frente e meus pais atrás. Eu o avisto, belo sobre aqueles paralelepípedos e várias pessoas: ‘oh my god, K*?’. E eu o abraço. Mas isso é TÃO improvável, eu penso. E se – supondo que ele quisesse e eu tivesse a coragem de pedir, duas grandes barreiras – fôssemos ter algo sexual: onde? Não seria possível. Eu me imagino passando um dia com ele em Varsóvia enquanto meus pais fazem outras coisas, mas transaríamos em um quarto de hotel? Não, eles chegariam, eu sei. Sim, chego a pensar nisso.
Com W* seria mais fácil. Iríamos a Helsinki e dali pra cidade dele, se ele quisesse me ver. Mas para ter algo sexual com W*, seriam MESES de gradualmente ir intensificando afeto e carícias até chegar lá, se é que seria possível sendo ele autista e eu um “nota 6”, segundo ele. Preciso emagrecer pra ver o K*. “Yuri, mas isso deve ser pra você”. Eu sei, eu sei.
Ao mesmo tempo que sinto a impossibilidade, sinto esperança. Meu pai vai receber um último dinheiro de herança e poderíamos viajar. Sonhos, sonhos. Não posso perder contato com K*. Quanta idiotice. E quanto encontrar-me com E* amanhã, e penso em ler isso pra ele, estarei também entre querer um abraço dele – e algo mais que não possa ser dado – e não pedir por timidez, decências, princípios, diabo a quatro. Entre sentir nojo e intolerância e sentir amizade. Entre ser sociável e fechar a bolha, o ovo à vácuo, com Super Bonder.
“Um homem adulto precisa lidar com isso”. Será que vai chegar um momento TÃO ABSOLUTAMENTE INSUSTENTÁVEL que “ou vai ou racha” e terei que mudar? Até imagino: mudo por uma semana e depois volta. Imagina se eu namoro, nunca será bom o bastante. Principalmente com o passar do tempo e o que uma vez era desejo ser rotina, às vezes até obrigação. E eu não tenho corpo nem perfil psicológico pra ter várias relações de prazer com pessoas que me são atraentes. E é isso que quero pra mim? Pra onde tudo isso leva? “Isso é normal na sua idade, são hormônios, crise existencial” etc. Não digam isso.
Apesar de eu querer nomear, eu não quero que me entendam. Quero ter o inominável, algo sério que justifique essa existência cheia de conflitos que seria louvável em um livro de Filosofia (“só sei que nada sei”), mas que é frequentemente insustentável na realidade. O homem é insatisfeito por natureza, dizem. E precisamos sempre de algo novo, um objeto a procurar. Mas NÃO TENTEM dazer com que o que eu sinto soe normal, passageiro, algo por que todos passam. NÃO PODE. Senão todos estariam em colapso.
O que é solução pra mim se nem a vida nem a morte me agradam? O que me agrada, uma vida de prazer? Mas eu cansaria dela, eu sei. Por que isso não tem saída, nem resposta? Preciso de uma camisa de força? Digam que sou louco, que tenho uma doença de nome grande pra que eu possa respirar aliviado e tomar a medicação. É só dúvida, e além dessas dúvidas as respostas que as pessoas dão, o ranço de auto-ajuda. O que me ajudaria, o que me mudaria? Nada. Mas ainda assim, somos diferentes a cada segundo. Sim, dualidades. EU SEI. Mas o que faço com isso, como faço isso sumir? Quem vai entrar na minha cabeça – substância, gente ou projétil – e organizar minhas idéias? Pra onde vou? Quem sou? O que devo ser? Que caminho seguir? Perguntas normais que todos fazem, você diz. No que minha reação difere da dos outros, então? Porque não vejo saída.
É melhor eu parar de escrever. 20 pras 4 da manhã, amanhã preciso acordar, e acordarei melhor. Mas tudo isso está plantado e sempre vai me perseguir, o que quer que eu faça.

terça-feira, 21 de abril de 2009

i don't want you.

It’s four in the morning
But still the night is dark
I pray I won’t see daylight
Before the sunset

It’s all so quiet
And I stand alone proudly
Watching the cars drift
Farther than they’ve ever been

I guess I should apologize
For not caring…
But I don’t care

There’s just so much going on
In this shining silence
Looking through these pages
Of blank darkness

These people are mad, I tell you
The lengths they’ll go,
How much they’ll fight.
What for?

There is merely a brief memory
Of what I’d just forgotten

I don’t hear you anymore,
Now that I’m numb
Empty spaces are filled with me
As I, myself, pour all over imploding

It’s quite late, in fact
To act like I’m a soldier
A believer, a member
A fucking citizen

Let me vanish