terça-feira, 3 de agosto de 2010

minhas entranhas expostas

Às vezes parece que quase nada me afasta do suicídio, mas ao mesmo tempo isso parece muito distante, porque eu nunca nem ao menos tentei me matar. Não sei dizer o que me separa de tentar. Não é a fé em melhora da situação, pois acredito que de tempos em tempos eu chegue nesse desespero. Todos os meus sonhos (e que sonhos? as paixões platônicas?) são ridiculamente improváveis, e por momento algum considero a possibilidade de acontecerem, e não sei se faria grandes esforços para tal, como mudar toda a minha vida para conseguir sucesso em uma carreira que despertasse o interesse de empresas européias. Tudo parece – e é – muito longe, distante de mim, inatingível. Isso faz-me questionar o meu papel na minha sexualidade. Não consigo me imaginar em uma transa com nenhum desses garotos, apenas chorando maravilhado na frente deles. Ao, depois de alguma insistência, o ** me falar que o pênis dele mede **cm, essa informação que aguardo há dois anos aproximadamente torna-se maior do que a minha vida inteira. Eu pensei que a informação me deixaria feliz, mas o que ela fez foi afirmar minha única dúvida em relação a ele, a única parte que eu não via dele em foto é, na verdade, MUITO satisfatória. E isso nem é sobre tamanho, por mais que, sim, ele falar ** seja mais potente do que ele falar 10. Eu quero... moldar um pênis igual ao dele. Isso é sobre ele... possuir esse membro viril que eu desejo, de que quero cuidar, abraçar, beijar, mimar. Se a tal “namorada” existiu, não sei se é relevante ou não... Mas só o fato de ser fisicamente possível que o ** possa ficar excitado e ter uma ereção é, essa obviedade, maior do que a minha vida inteira... e não me serve de nada. Nunca serei eu. Por que eu vivo? Sei que a resposta deveria ser “vivo pra mim”, mas o que tenho eu que me segura? No fundo, talvez, seja a vontade de sentir mais dor, que é só o que ficou da sexualidade, a única maneira experienciável. Porque as canções que mais me tocam são as que falam desse algo miserável. Eu quero ler para entender o mundo, sim, mas aparentemente para justificar minha misantropia. Poderíamos pensar “como seria diferente se...”, mas isso não nos leva a lugar algum, tampouco. O que eu espero da vida? Vou estudar, passar por algumas etapas e virar professor, teoricamente. E? Isso é pra cumprir tabela, para “fazer algo”, já que esperam isso de mim meus pais, pessoas próximas, cobro eu mesmo isso para não ser um total sanguessuga, como suporia meu irmão. Eu preciso estar indo, logo, a algum lugar. Nada disso, acho, me vem acoplado à idéia de “felicidade”. Em nenhum momento dessa minha visão do que a vida será eu me vejo “com alguém” (tentando aqui não fazer uma igualdade entre felicidade e estar com alguém). E talvez se meus sonhos se realizassem eu descobriria algo que poderia ser, por exemplo, que eu só tenho interesse no que não posso ter. Se isso é ‘normal’, então em mim isso deve estar em um estágio doentio. Será que todo mundo dói assim? Nunca vai se sentir a dor do outro. Talvez só me entenda quem não agüentou e desistiu... mas eu também não cheguei nesse ponto. Acho que nunca existe fundo do poço, pois quando se chega nele você não consegue subir, está muito além de você, e não interessa o que livros de auto-ajuda vão dizer. A gente só vai se surpreendendo em como o poço é mais fundo do que pensávamos, atingindo novos (sub)níveis e quebrando nossos próprios recordes. Mas nunca é “o fundo do poço”, porque sempre se pode piorar.
Irrita-me que sempre que não se está bem ou é, vá saber, luto normal/reação normal, ou, se passar disso, uma infantilidade, inabilidade em lidar com a situação. Irrita-me que eu pense que isso é estar querendo chamar atenção e que isso é – ta-dah – infantilidade. É só isso? Então as coisas realmente não têm solução, o negócio é apenas crescer, virar homem e parar de choramingar, porque o mundo não vai mudar. Você precisa lutar. A vida não é fácil mesmo. E todos os clichês que aparentam ser verdade. Então pra quê continuar? Pra aprender a engolir o choro sem falar nada porque é isso que uma pessoa adulta faz ou deveria fazer? Ah, abandona-se os prazeres infantis, mas tem-se o sexo, por exemplo. Prazeres da vida adulta. E se não tiver? E se você nunca encontrar, nunca entrar em contato com alguém que te maravilhe e a vida ficar encharcada todos os dias de rotina, monotonia e mediocridade? Eu espero muito da vida? Não sei, será? Não sei nem o que espero, estou me questionando. Sou um bebê chorão? Parece que sim, e se isso me irrita, segundo a ‘maravilhosa Psicologia’, tudo indica que é mesmo algo que passa perto de mim, pois me incomoda. O que faço com isso? Cresço e aprendo a tomar no cu sem reclamar? E* me disse que eu deveria pagar por sexo, se isso não me mudasse como pessoa em um mês, que eu me matasse mesmo. Ele não tem mais o que dizer, e eu também acho que não exista o que dizer. Dificilmente eu encontraria alguém que me agradaria, e eu não teria como pagar por sexo (e aqui vão outras palavras-chave da vida adulta como dinheiro e emprego, e então eu só admiro, de longe e perto demais, como eu sou pequeno e ridículo). No mais, rebaixar-me a ponto de pagar para ser penetrado por alguém que não me atrai seria talvez o estupro e o fim de tudo que ainda me mantém em pé à procura do que não se acha, esse amor romântico e doentio. Seria o mesmo que, e o passo anterior ao, suicídio. Às vezes, entretanto, penso que só conseguiria me relacionar com alguém dessa forma (pessoa-objeto), provavelmente também de uma forma fetichizada, pois por experiência própria sou levado a crer que quanto mais tempo sem sexo, mais “perversão”, mais fetiches surgem. Mais doentio fica. E quem se prestaria a esse papel senão por dinheiro? Como fica uma pessoa que só consegue pagando? Igual, melhor ou pior que uma pessoa que sempre quer mas nunca consegue?
Não acho que pensar em suicídio venha necessariamente de baixa auto-estima. Você pode se achar muito melhor do que 99% das pessoas, como eu acho (mas ainda assim refiro a mim como pequeno e ridículo, huh?), a ponto de continuar não valer a pena. Coisas como “tenha fé que eu tenho certeza que um dia você vai encontrar alguém” não me servem de nada, pois sabe-se muito bem que pode ser, sim, que NUNCA dê certo. E onde estará, aí, a justiça que não há? Em ‘outra vida’? E se eu não tenho mais fé é porque eu quero tudo agora e, logo, sou uma criança mimada? Voltamos à mesma. Pra onde isso tudo leva? O que se ganha em tudo que se perde? Experiência? Experiência pra quê? Para cada vez mais conseguir experiência com mais suor? E, enquanto isso, meu período de seis meses de tratamento com o antidepressivo acabou, e estou “livre para reduzir a dosagem até parar”. Que delícia, não?
Se palavras de esperança não dão esperança alguma, explicar minhas infantilidades só me diminui, me irrita e me fecha mais ainda – e potencialmente – o que me sobra? Porque acontecer o que desejo, isso sabe-se que não ocorrerá. Querer algo mais possível? Dar uma chance? Dizer sim às maravilhosas oportunidades que a vida lhe dá? Cadê a margarina desse comercial? Falta desejo meu de mudança? Chegará um momento de “ou vai ou racha” em que ou eu morro ou eu mudo e tudo isso faz parte do processo de crescimento que tanto me amedronta? Então todo mundo passa por exatamente isso por que estou passando? Não? Ah, mas eu quero ter controle da situação, dominar, essa infantilidade toda, essa coisa psicologicamente capenga que eu tenho que ajustar. Aham, e eu faço o quê com isso? Ser um homem, engolir o choro, crescer e calar a boca? Você percebe como não sobra NADA? “E só o acaso estende os braços a quem procura abrigo e proteção”, ou seja, o melhor que pode acontecer é... eu não estar me lembrando, em determinado momento, de como sou miserável e que nunca conseguirei o que realmente quero e preciso. Mas a vida é isso, aproveite os pequenos bons momentos. Momentos como estar sozinho de madrugada vendo um filme, sendo feliz sem saber, porque meus pais ainda estão vivos, me sustentando, com um teto na minha cabeça e eu aqui, reclamando de barriga cheia enquanto tanta gente vive sem ter o que comer? Eu não sei o que é ver a situação ficar realmente preta, não sei o que é sofrer e ter responsabilidades, ter que trabalhar pra ter o que comer? Isso que estou vivendo, então, é o tempo bom? Os melhores dias da minha vida? Explica-me, então: por que continuar? Porque é isso que a gente faz, apesar das dificuldades? E?