sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

fim de uma história

O texto é de 2007, então... Um desconto, suponho. Ou não. Tanto faz.


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Foi estranho, mas eu quase senti suas mãos quentes afagando minhas costas.
Sim, você, e quem mais poderia ser?

Larguei meu caderno e me segurei firme na cadeira, Coloquei os óculos em cima do caderno no meu colo e apaguei. O seu cheiro senti, e respirei fundo... Posso jurar que senti o seu gosto. Enxuguei meus olhos calvos usando a mão com a qual segurava os óculos e acordei. Ainda era eu sozinho no meio do nada, e me dirigi até a janela, com as mãos fracas de tanto empurrar a maldita cadeira para todos os lugares... Um vasto gramado com uma dúzia de cabeças de gado, um dia cinza como todos os outros, e o mar tão estático quanto tudo mais ao fundo. Pensei em como era feliz sem saber, e uma lágrima provou que meu coração ainda não estava necrosado como todo o resto do meu corpo mutilado pelos anos. Voltei para a modesta cozinha e notei a presença de uma xícara de café quente ao lado da pia, e então soube que você esteve por aqui.
Na fumaça, quase consegui lhe ver sorrindo.

“Obrigado pela visita”

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