sábado, 28 de julho de 2007

Life Is A Pigsty

Uma entre tantas madrugadas patéticas na frente de um computador, ao som de Metal Contra As Nuvens e Uma Outra Estação, canções da Legião Urbana. Vejam só, fui comparado à Björk e ao Ian Curtis após mostrar tal poema para amigos... Como não ficar, ao menos, grato pela voz do Renato ter levado-me, de mãos dadas, para este lugar tão magnífico chamado inspiração?


As coisas não são
Nem como não parecem ser
E cada tiro no escuro
Nessa casa de espelhos
É a retomada da maré
Numa rede de travesseiros


Esperanças que as horas
Fizeram de castelo na areia
Desmontadas foram, virgens
Mesclaram-se com o horizonte


Cegas, berrando sob o sol
Que com raios insulta
As mãos aveludadas
Que outrora aceitavam o afago
Da vida tão morta
Que as camponesas seguiam


Nesse feudo à beira do mar
O tempo apenas as fez enxergar
Que a trégua pro fogo do pecado
Está mais perto a cada dia
E que tudo o que construíram
Seria levado


De passagem estávamos
E continuamos a procissão

terça-feira, 17 de julho de 2007

Avalanche

Ao som do CD Songs of Love and Hate (1969), de Leonard Cohen. Acho que estou começando a gostar de algo além de Famous Blue Raincoat...


O vazio sob o peito nu
Não mais anuncia seus passos
Cala o que paira
Respirando o ar puro

A tempestade não mais
Molha as janelas
Dentro delas, apenas
Um outro observador

O silêncio sedutor apaga as luzes
As cortinas fecham sozinhas
O gosto do néctar torna-se doce
Numa realidade meio-amarga

A noite é longa, e o amanhã também
Não há luz para o fraco que cala
Não há sol para aquele que cai
Não há esperança que paire
Sobre o ar dos exilados

sábado, 14 de julho de 2007

You have killed me...

Ao som de umas canções e de um confuso vazio, saiu isso. Peguei algumas coisas de outros trabalhos meus também. Enfim...

I guess I made you believe
I could cry for someone else,
I made you believe
Life was worth living for.

If you were elsewhere
And I was someone else,
I guess we could have been friends.

I'm glad I liked you then,
But there's not much to it now...
I'm the same as I never was.
Just empty and hopeless.

I wish I could laugh,
But it's too damn hard
When you don't want to.

No one cares for a crying prostitute,
Why should they?
Leave me or live me.

(Yuri Cunha)

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Diário de um adolescente.

Vasculhando no meu caderno amarelo de poemas, encontrei algo...

"25/Agosto/2006 -

Hoje estou pensando demais, me sentindo sem ânimo algum para nada. À tarde, a situação piora. A tristeza é profunda e me priva de realizar minhas obrigações, e até mesmo a vontade de me divertir deixa de existir. Não vejo um motivo exato para estar assim; acho que nunca amei tanto sem ter retorno... Às vezes me vejo sentindo seu cheiro quando estou sozinho, mas invariavelmente penso nele quase sempre - em como ele é belo, simpático, alegre.

Quanto à sua alegria, indago-me o que em mim falta para ser assim. Por isso tento entrar em seus pensamentos, em sua cabeça; talvez achando que na forma em que ele vê a vida e encara as coisas eu encontre minha felicidade. O amo há quase 5 meses e tenho menos de 3 para esquecê-lo, caso contrário me tornarei uma lembrança.

Ou uma lembrança numa lápide ou em vida, existindo bobo e alegre à base de remédios. Sinto medo de perdê-lo, precisando tê-lo. Um abraço, um olhar, um minuto de atenção. Como os dias são ruins quando ele não está literalmente ao meu lado nas manhãs... é doentio. Talvez meu súbito interesse para entender o mundo seja apenas uma desculpa para entender o homem que amo.

Jamais o forçaria a fazer nada, e mesmo com essa dualidade, acho que preferiria deixá-lo de lado a permanecer com essa "razão de viver" chamada amor, que desta vez tem me propiciado muito mais dor do que inspiração ou felicidade. Mas não se sabe quando ele começa, muito menos quando - e se realmente - termina. Tive duas terríveis semanas nas férias sem tê-lo para conversar... imagine uma vida inteira. Sorte minha que tenho alguns ótimos amigos, mas às vezes nem eles me entendem - ora, nem eu habitando esse corpo compreendo!

[...]

Já não sinto a minha sempre-presente vontade de ajudar meus companheiros que também passam por maus momentos. Saudades da Priscilla, que conseguia ser relativamente equilibrada pensando como eu. Sinto falta de uma alma romântica com quem eu pudesse discutir Renato Russo e não realistas que riem de um vídeo com uma mulher maconheira. Gosto deles, preciso deles... Mas não é tudo.

Onde está o Yuri alegre, brincalhão? Tornou-se um homossexual frustrado.

Como lembrarei-me desse ano no futuro? O que a vida me reserva? Se eu pudesse voltar no tempo, o que mudaria? Devo pensar no presente e viver cada dia como o último. Hoje parece mesmo o último dos meus dias, sinto o fim próximo e o triste cantar da chuva que vem de dentro.

Se o sol voltar amanhã, só sei que encontrará o solo alagado"




É... acho que nunca voltou realmente.