segunda-feira, 9 de julho de 2007

Diário de um adolescente.

Vasculhando no meu caderno amarelo de poemas, encontrei algo...

"25/Agosto/2006 -

Hoje estou pensando demais, me sentindo sem ânimo algum para nada. À tarde, a situação piora. A tristeza é profunda e me priva de realizar minhas obrigações, e até mesmo a vontade de me divertir deixa de existir. Não vejo um motivo exato para estar assim; acho que nunca amei tanto sem ter retorno... Às vezes me vejo sentindo seu cheiro quando estou sozinho, mas invariavelmente penso nele quase sempre - em como ele é belo, simpático, alegre.

Quanto à sua alegria, indago-me o que em mim falta para ser assim. Por isso tento entrar em seus pensamentos, em sua cabeça; talvez achando que na forma em que ele vê a vida e encara as coisas eu encontre minha felicidade. O amo há quase 5 meses e tenho menos de 3 para esquecê-lo, caso contrário me tornarei uma lembrança.

Ou uma lembrança numa lápide ou em vida, existindo bobo e alegre à base de remédios. Sinto medo de perdê-lo, precisando tê-lo. Um abraço, um olhar, um minuto de atenção. Como os dias são ruins quando ele não está literalmente ao meu lado nas manhãs... é doentio. Talvez meu súbito interesse para entender o mundo seja apenas uma desculpa para entender o homem que amo.

Jamais o forçaria a fazer nada, e mesmo com essa dualidade, acho que preferiria deixá-lo de lado a permanecer com essa "razão de viver" chamada amor, que desta vez tem me propiciado muito mais dor do que inspiração ou felicidade. Mas não se sabe quando ele começa, muito menos quando - e se realmente - termina. Tive duas terríveis semanas nas férias sem tê-lo para conversar... imagine uma vida inteira. Sorte minha que tenho alguns ótimos amigos, mas às vezes nem eles me entendem - ora, nem eu habitando esse corpo compreendo!

[...]

Já não sinto a minha sempre-presente vontade de ajudar meus companheiros que também passam por maus momentos. Saudades da Priscilla, que conseguia ser relativamente equilibrada pensando como eu. Sinto falta de uma alma romântica com quem eu pudesse discutir Renato Russo e não realistas que riem de um vídeo com uma mulher maconheira. Gosto deles, preciso deles... Mas não é tudo.

Onde está o Yuri alegre, brincalhão? Tornou-se um homossexual frustrado.

Como lembrarei-me desse ano no futuro? O que a vida me reserva? Se eu pudesse voltar no tempo, o que mudaria? Devo pensar no presente e viver cada dia como o último. Hoje parece mesmo o último dos meus dias, sinto o fim próximo e o triste cantar da chuva que vem de dentro.

Se o sol voltar amanhã, só sei que encontrará o solo alagado"




É... acho que nunca voltou realmente.

2 comentários:

Anônimo disse...

O que diria Antonio Carlos Jobim, quando ao escrever TRISTE [
Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber que ninguém pode viver de ilusão
Que nunca vai ser, que nunca vai dar
O sonhador tem que acordar
Tua beleza é um avião
Demais pra um pobre coração
Que pára pra te ver passar
Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão]
poderia imaginar que belas reflexões surgiriam e que vivência exata a descrita pela letra materializar-se-ia.
Belos relatos Yuri,é bom conhecer-lhe um pouco mais e perto para perceber que a vida se repete!? Não é!

Unknown disse...

Yuri, vou usar uma expressão que você acabou de me ensinar...

Bem, eu não sou a melhor pessoa pra discutir esse tipo de assunto apresentado no seu blog, pois não tenho a "bagagem emocional" necessária.

Mas você pode falar do Renato Russo pra mim. :)