segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

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- Se eu soubesse como percorrer essa estrada, eu não estaria mais aqui. Você não sabe como é ruim não conseguir terminar uma frase porque a dor é tanta que, inundando o coração, aloja-se nos pulmões e me prejudica a respiração. Você acha que sabe o que é agonizar? Não me acostumei a nada disso, e o tempo não faz esquecer, faz alargar as feridas. O vento não leva as mágoas, deixa-me mais frio e pálido. A morte toca meu corpo, e acaricia-me como eu gostaria que você fizesse. Não sei se conseguirei resistir por muito tempo. Se eu me escondo atrás das palavras, é só porque nada mais sobrou. Como deveria interpretar seu silêncio? Você entende essa culpa de tudo? Esse mundo que desaba? Eu já construí meu mundo ao teu redor, não posso mais fazer nada. Se você for embora, me leva contigo ou me leva junto. Mas ainda assim, só há separação e uma distância sempre crescente. Eu ouço nossas músicas, sim. As músicas que eu doei a você. É como eu posso te sentir mais perto. Costumava achar que depois de tantas vezes, essa seria mais fácil. Nunca é. Cada um com seus problemas, e só. É triste como nada nem ninguém é suficiente, e eu jamais conseguiria te fazer feliz, ou me fazer feliz. O que me resta, querido? Eu estou em um precipício, não posso seguir em frente. Eu não tenho por onde crescer. Só precisaria de sua estrela por um dia para, enfim, poder voar. Eu não tenho muito a perder, queria que os outros também não tivessem. É o que me prende. Eu conheço sua dor, mas elas são, como diria o poeta, apenas o farelo que eu deixei pra trás. Será que você pode me ouvir? Eu lhe amo.

Yuri coloca o telefone na tomada.

Um comentário:

Panda disse...

agonizar???? estás brincanco? claro! pisciana... meu destino é agonizar.




zorte