terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Dégradé

À sombra de uma poça quase sucumbi
Andando e crendo, vendo o que queria ouvir
E tanta gentileza pouco fez, livrei-me
Do embargo amargo chamado prazer

Cresci pra todo lado e deixei
Caladas asas que eu vi voar
Deixei pouco a pouco de mim
Em cada estrada escura que ousei percorrer

A fraca e frágil linha entre o céu e o precipício
É feita de algodão das nuvens
Colado com cuspe de uma boca seca
Sedenta pelo oásis que, pena, virá tarde

Quando mordes meu peito acende
A luz revigora meu bem estar
Contudo, cidadão de meu mundo sou eu só
E meu reino hipócrita, tão pouco popular

Ainda vejo expostos rostos crédulos
Entre verdades que descomprovei
Isso ainda entristece, mas nem parece
À luz desse espelho

2 comentários:

Natascha Paschoalique disse...

Eu seria mais feliz se soubesse me expressar desta forma.

Inveja. u.ú

Tu escreves muito bem e já cansei de dizer isso.

'Contudo, cidadão de meu mundo sou eu só
E meu reino hipócrita, tão pouco popular'

Nada a acrescentar.

Anderson disse...

"Deixei pouco a pouco de mim
Em cada estrada escura que ousei percorrer"

A contradição entre um egoísmo que faz a gente se afastar de tudo e a necessidade de se deixar por aí, entre as pessoas...

Viver é meio difícil :s

Belo texto, Yuri!